No já distante ano de 2017, Julia Carvalho, de São Paulo (SP), encontrou por acaso um ‘anjo’ abandonado nas ruas. Estava parcialmente cego, andando desnorteado e sem rumo em uma perimetral da capital paulista.
“Não tive dúvida de parar [para ajudá-la] e me lembro como se fosse ontem daquele olhar de gratidão”, relembra Julia.
Ela colocou a cadela no seu carro e levou-a para tomar banho e ser tosada. “Para mim, era óbvio que alguém estava a sua procura desesperadamente, depois ficou mais óbvio ainda que se tratava de abandono naquele mês de dezembro e que seria o fim daquela idosa de pouca visão mas de um amor infinito”, disse a dona.
Julia proveu todos os cuidados necessários à cachorrinha e esperou por semanas que alguém fosse buscá-la. “Afin al ela apresentava um quadro de depressão pela saudade de quem a deixou para trás”, conta. Ninguém a buscou.
Com o passar dos meses, Dodô, como foi batizada, se tornou o xodó não só de Julia, mas de sua mãe.
“Dormia em sua cama, era sua companheira de novelas, viagens, passeio…um grudinho. A felicidade da Dodô era tanta que parecia que havia nascido naquela casa”, diz Julia.
Três anos após ser acolhida das ruas, Dodô, que já era idosa, partiu desta para melhor. “É uma dor que parece que irá explodir dentro do peito… aí eu penso, como alguém pode deixá-la algum dia, ela já era idosa, certamente teve outro alguém que zelou por ela, esse outro alguém foi muito pobre de espírito, não soube reconhecer o amor puro que ela lhe oferecia, e aprenderá em duras penas que o plantio é opcional mas a colheita é obrigatória”, desabafou a mãe de Dodô.
“Segurei a sua patinha até o seu último suspiro, sem saber a sua verdadeira história, sem saber seu verdadeiro nome, sua verdadeira idade…só olhando os seus olhinhos de gratidão se fecharem… E ela foi em paz com o sentimento de missão cumprida por ter me ensinado o que é o mais puro amor… Obrigada Dodô por ter me escolhido”, concluiu a dona.
Fonte: Catioro Reflexivo