Irmãos vendem limonada para ajudar crianças que atravessam a fronteira México-EUA

Dois irmãos, Ben, 10 anos, e Carter, 8 anos, não sabem em detalhes o que está acontecendo com as crianças que tentam atravessar a fronteira dos Estados Unidos com o México.

Seus pais, naturalmente, tentam protegê-los das tristes notícias que chegam. Ainda assim, a dupla de alguma forma sabe o que está acontecendo por lá. “Eles viram partes da história que passam o tempo todo no noticiário”, diz o pai deles, John Wilson.

Cientes disso, Ben e Carter decidiram fazer algo para ajudar as milhares de crianças que sonham ter uma vida melhor. Eles montaram uma banquinha de limonada na calçada de casa. E vendem cada copo por US$ 1 (R$ 4) aos clientes que passam por ali, geralmente vizinhos e colegas da escola.

Tudo o que é arrecadado em seguida é doado para a ONG Kids in Need of Defense (Crianças Necessitadas de Proteção, em tradução livre). Ela que fornece assistência legal para crianças migrantes.

“Eu gostaria que eles pudessem vir para os Estados Unidos legalmente. E viver na América sem serem forçados a ficarem longe de seus pais”, disse Ben.

Ben se refere às centenas de crianças e até bebês detidos na fronteira. E que estão há semanas sem acesso digno à água potável, roupas limpas, escovas de dente, alimentação ou sono adequado. Eles estão retidos em instalações precárias, sujeitos ao frio e à negação de higiene básica, o que o governo nega. Críticos mais ferrenhos do governo de Donald Trump têm chamado essas instalações de verdadeiros “campos de concentração”.

Um pediatra que examinou dezenas de crianças no centro de detenção de Ursula, em McAllen, Texas, disse que as condições por lá “poderiam ser comparadas às instalações de tortura [de Guantánamo]”. Ou seja, temperaturas extremas e sufocantes, luzes acesas 24 horas por dia. Falta de acesso a cuidados médicos, saneamento básico, água ou comida adequada.

Trata-se de algo ainda mais revoltante dado o fato de que boa parte dessas crianças possui parentes ou famílias interessadas em adotá-las em solo americano. Não se trata de um problema decorrente da falta de recursos, mas por falta de compaixão das autoridades.

Afinal de contas, nenhuma criança deveria ver, muito menos viver, a realidade daquela foto da Associated Press. Ela que mostra um jovem pai salvadorenho e sua filha pequena mortos após se afogarem tentando atravessar um rio.

A agência da ONU para refugiados disse recentemente que tal imagem atesta o “fracasso em lidar com a violência e o desespero que empurram as pessoas para fazer viagens de perigo”.

É o resultado inevitável das políticas de imigração de Trump. Reduzir a ajuda a programas administrados pelos EUA na América Central, como o presidente tem feito, só tende a piorar a violência e a pobreza que fazem com que muitos se sintam inclinados a fugir de seu país de origem rumo aos Estados Unidos.

Recentemente, o presidente ameaçou prender “milhões” de imigrantes em uma ação de massa por todo o território estadunidense. O governo também visa reduzir a cobertura de cônjuges estrangeiros não-documentados que vivem nos EUA, o que pode atingir outras milhões de pessoas. Uma verdadeira caça às bruxas.

Não há limonada suficiente no mundo para resolver essa crise. Mas a humanidade mostrada por Ben e Carter, que de dólar em dólar ajudam crianças migrantes a ganharem um lar, é o antídoto para dois problemas exponencialmente piores e mais destrutivos: a indiferença e a falta de compaixão.

Fonte: Razoes Para Acreditar

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