Os funcionários do Hospital Lotty Íris decidiram organizar uma festa de aniversário surpresa para Alex Pantoja, morador de rua que trabalha como autônomo nos arredores da instituição, no centro de Boa Vista (RR).
Alex vive em situação de rua há cerca de 10 anos. No dia 13 de abril, ele completou 30 anos e ficou muito surpreso e emocionado com a festinha. “Os olhos dele brilharam, e ele chorou”, relatou uma mulher que trabalha no hospital.
Um vídeo que mostra o momento do parabéns foi publicado nas redes sociais e viralizou. Nas imagens, ao lado de balões coloridos, bolo de aniversário, salgadinhos e refrigerantes está um sorridente Alex, enquanto enfermeiros, médicos e recepcionistas do hospital cantam parabéns e batem palmas.
Honestidade
A analista de recursos humanos do Lotty Iris, Thais Oliveira, conta que Alex conquistou a amizade dos funcionários pela honestidade e segurança que trouxe para o bairro, que fica próximo do “Beiral”, região considerada perigosa por conta da intensa atividade do tráfico de drogas.
“O caráter dele é inquestionável. Pessoas deixam carros abertos com seus pertences, ele sempre ajuda um cadeirante ou idoso precisa de ajuda para se locomover, já foi nos buscar de guarda-chuva quando estacionamos nossos carros e está chovendo, indo descoberto mesmo. E quando ganha algo pra comer, o Alex divide com os colegas da rua. Nunca soubemos de um furto sequer feito por ele”, contou.
A analista afirma que fazer festas de aniversários para funcionários é um hábito, e por notar o quão querido Alex é para os funcionários do hospital, resolveu planejar uma surpresa para ele também.
“Os funcionários e até os moradores de rua que que estavam próximos, se levantaram e aplaudiram. Os olhos do Alex brilharam, e ele chorou. Eu e minha colegas também. Foi muito emocionante. Fizemos isso sem pensar em divulgação, só queríamos deixá-lo feliz”, afirmou.
Alex diz que não esperava ganhar uma festa – no máximo uma lembrancinha ou doce do hospital. Fazia cinco anos que ele mesmo não comemorava seu próprio aniversário.
“Nunca imaginei que seria algo daquela proporção, assim como não achava que o vídeo da festa seria divulgado e ficaria famoso. Pensei que era uma coisa só nossa. Agora os meios de comunicação estão vindo atrás de mim”.
“O importante é que as pessoas entendam que nem todo mundo de rua é desonesto ou ladrão”, comentou.
Ele diz que se sente querido e necessário por todos na região e que apesar de viver na rua, está feliz com a vida que leva atualmente. “Houve uma época que fiquei internado no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) por 15 dias. Nesse período, acontecia um furto ou roubo por aqui todo dia. Então me sinto útil. Gosto de lavar carro, de cuidar. Me sinto feliz com a vida que tenho”, afirmou.
Formado em Ciência da Computação, Alex conta que já foi professor do Sistema S antes de sair da casa da mãe e se tornar morador de rua, há dez anos. Nesse meio-tempo, um amigo o chamou para ser cuidador de carros da região do hospital, ao que ele aceitou. Desde então, essa tem sido sua profissão.
Fonte: Razoes Para Acreditar