Quando falamos em uma escola participativa, em que alunos, professores, pais e funcionários conversem entre si para resolver as questões do universo educacional, é porque sabemos que esse é o melhor caminho para um crescimento efetivo da escola e, claro, dos estudantes.
A diretora da Escola Elementar Gibson, em St. Louis, nos Estados Unidos, Melody Gunn, queria saber o motivo da baixa frequência dos alunos. Já que eles tinham acesso a transporte e almoço gratuito ou subsidiados pelo Governo.
Foi quando ela decidiu visitar a casa das famílias. (olha aí a empatia..) com mais de uma criança matriculada na escola para identificar o motivo das faltas. Gunn ficou surpresa ao descobrir que era porque as roupas dos estudantes estavam sujas.
Necessidades das famílias
Muitos pais não tinham dinheiro para comprar uma máquina de lavar. E aqueles que tinham não podiam pagar pelo sabão e pela energia elétrica. “O dinheiro deles era contado para necessidades como comida e aluguel”, diz Gunn em entrevista para a Folha de S. Paulo.
Consequentemente, os alunos não tinham roupas limpas e desistiam de ir para escola por vergonha. “Muitos alunos têm apenas um conjunto de uniforme. Se eles o sujavam no começo da semana, simplesmente ficavam em casa até que a roupa pudesse ser limpa”. Explica a diretora.
Doação das lavadouras
Gunn contou o problema para uma amiga que trabalha na Whirlpool, uma multinacional fabricante de eletrodomésticos que aqui no Brasil gerencia marcas como Brastemp e Consul, dentre outras. A empresa se interessou pela história e resolveu ajudar, doando uma lavadora e uma secadora para a escola, além de fornecer todo o sabão necessário.
Gunn então chamou os 10 alunos com o maior número de faltas no ano e pediu que trouxessem suas roupas para serem lavadas na escola.
Crianças e as máquinas
“As crianças amaram as máquinas, diziam que pareciam naves espaciais. Logo, pediram para expandirmos o programa para itens como lençóis e toalhas”, afirma Gunn. As máquinas são operadas pelos funcionários da escola.
A Whirlpool resolveu então saber se essa situação da escola em St. Louis era uma coisa isolada ou acontecia em outros locais. A empresa fez uma pesquisa com 600 professores de escolas públicas por todo o território americano e descobriu que quase 1 a cada 5 estudantes das escolas não têm acesso a roupas limpas, de acordo com um comunicado à imprensa feito pela companhia.
Care Counts
A empresa então, além de prover as lavadoras e secadoras para a escola primária Gibson, fez o mesmo com mais 11 escolas em um programa chamado Care Counts.
Em cada escola, os diretores nomeiam um professor, administrador ou familiar para atuar como líder do programa. O líder ajuda a identificar os estudantes para o programa e anonimamente rastreia suas lavagens de roupas, faltas e notas ao longo do ano escolar.
O processo de lavagem das roupas dos estudantes varia, mas em algumas escolas, parentes se inscrevem para lavarem suas roupas em horários específicos durante a semana.
Um ano e 2,321 lavagens de roupas depois do programa Care Counts começar, 93% dos estudantes que participaram do programa aumentaram sua presença em sala de aula, segundo a Whirlpool.
Fonte: Razoes Para Acreditar